segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Capítulo 2 - O dia que Grécia encontrou a Rússia.

Red Hair's
Capítulo 2 - O dia que Grécia encontrou a Rússia.

Alguns dias antes do acontecido eu tinha até brincado com isso... “E se eu conhecesse outro alguém? ”, mas nada passava de meras suposições para rir um pouco. Olho para trás agora e vejo que realmente as palavras tem poder. Mas nada posso fazer. O coração quer o que o coração quer.

No início disso tudo, eu nem fazia ideia do que eu estava fazendo quando resolvi viajar com pessoas que eu não conhecia. Claro que iria ter algumas pessoas que eu gostava lá, mas pelas circunstancias da viagem, nem iriamos nos ver. E foi o que aconteceu. Passei 12 horas de viagem com pessoas que eu nunca tinha visto na minha vida. Meu plano era: “Você só está viajando com eles, quando chegar lá, procure seu grupo e pronto. ”, mas não deu muito certo. “Meu grupo” não tinha aparecido e eu tinha que socializar. Que saco. Fui colocado numa cabana com mais outros cinco garotos.

Não dava a mínima para eles, tanto que eu nem ficava na cabana direito, passava a maior parte do tempo sozinho, perambulando pelo hotel, imaginando o que eu faria se meus amigos estivessem ali comigo. Tenho certeza que se eles tivessem ali comigo naquela hora, nada disso teria acontecido. Depois de disfarçar o verdadeiro eu para os garotos da cabana, que achavam eu que estava pegando uma garota lá do hotel (tolos), cansei de me isolar. Numa noite, voltando da piscina onde eu tinha estado com minha amiga (a que os garotos achavam que eu pegava), minha cabana estava lotada. Tinha muitas garotas lá. Todos estavam jogando baralho e me chamaram para jogar também. Eu não estava com a mínima vontade de sentar ali com aquelas pessoas e jogar. Eu não me identificava com eles. Até que eu reparei em alguém.

Aceitei o convite para jogar e fiquei longe desse garoto que até então eu não sabia o nome (admito). Tinha algo que me intrigava nele. Não sei se era o fato de não saber seu nome, ou de não conseguir tirar os olhos dele ou sei lá... Ele era engraçado. Misterioso e engraçado. Os jogos rolaram até altas horas da madrugada e um a um, todos foram se ausentando. No final restamos apenas: Eu, o garoto misterioso “desconhecido” (eu só não sabia seu nome), duas irmãs gêmeas e uma outra garota. Resolvemos ficar acordados até o amanhecer. Conversa vai e conversa vem, o garoto “sem nome” me intrigava cada vez mais. Eu estava me sentindo confortável com aquelas pessoas. As gêmeas dormiram, restando apenas os três sobreviventes.

Foi a partir daí que tudo começou a funcionar. Não sei como, mas falamos de política e junto com isso veio o estatuto da família. Reclamei dele e depois de alguns argumentos eu disse que era gay. Olhei para o garoto que parecia não se importar com o fato da minha sexualidade. “Droga”, pensei. “Ele é apenas mais um hétero simpatizante”. O dia raiou e com isso chegou a hora do café da manhã. Saímos da minha cabana e fomos comer. As garotas resolveram tomar banho, deixando-me a sós com o hétero simpatizante. Ele perguntou se a minha sexualidade não me atrapalhava na conexão com Deus e eu falei o que eu sentia em relação a isso. Estava tudo tão tranquilo quando a bomba veio de repente. “Eu sou bi”, disse ele.

Quase engasguei com o que eu estava comendo. Sorri e tentei não parecer desesperado. Era uma chance. Eu tinha chance com ele. Meu hétero simpatizante desconhecido tinha se tornado bi desconhecido. Eu precisava saber o nome dele, mas não tinha coragem de perguntar. Passamos várias horas juntas. A cada momento eu descobria algo a mais sobre ele e sabia (mais ou menos) qual era seu nome. Para não admitir que não sabia como lhe chamar, inventamos um apelido parecido com o nome real. UFA. Tinha me livrado dessa, mas eu ainda o queria. Tentaria de todas as formas. No início da tarde voltamos até a cabana e ficamos a sós. Estávamos em quartos separados que ficavam um de frente para o outro. Tomei um banho, esperando que ele entrasse no banheiro e ficasse ali comigo, mas ele não entrou.

Terminei de me arrumar, sempre tentando ficar de frente para a porta para que ele me visse. Diversas vezes eu parei na porta do quarto dele onde ele usava apenas uma cueca. Eu queria jogá-lo na cama naquele momento. Tentei não ficar excitado, mas não estava dando muito certo. Sorte minha ele não ter percebido (acho). Ele foi tomar banho e eu fiquei parado na porta olhando sua silhueta através da porta do banheiro (que era feita de vidro e madeira). Esperei ele tirar a roupa e suspirei. Que homem... Os outros garotos da cabana estavam voltando então corri até meu quarto e fingi que nada aconteceu. Terminei de arrumar minhas malas e fiquei esperando ele terminar.

Voltamos até o ônibus e eu estava torcendo para que conseguíssemos sentar um do lado do outro, mas não foi possível. Fiquei uns três bancos atrás dele. Na minha mente isso foi como um tiro. As chances de algo poder acontecer morreram ali. Pelo menos eu achava que sim. Já era noite quando ele se aproximou de mim. O banco ao meu lado tinha ficado vazio (temporariamente) e ele se aproveitou disso. Não poderia ter ficado mais feliz. As garotas que estavam na cabana no dia em que ficamos a noite toda acordados também estavam ali. Em pé no corredor. Num rápido plano, convidei-as a sentar no mesmo banco em que eu e o garoto estávamos sentados. Como o banco iria ficar cheio, eu teria que me aproximar dele. Fiquei de costas para o Bi e de vez em quando, no movimento do ônibus, eu o pressionava contra o vidro, sentindo assim sua “saúde” se é que vocês me entendem.

Eu queria ficar ali toda a noite, sentindo-o. Mas a posição que ele estava sempre o incomodava. Mesmo trocando de posições eu dava um jeito de ficar colado nele. Até que eu fiquei entre suas pernas. Um calor cresceu dentro de mim tão intenso que eu coloquei todos as saídas do ar-condicionado viradas para meu corpo. Ficamos ali vários minutos, rindo e brincando e eu querendo deitar sobre ele. Quando já era tarde da noite, as garotas foram retiradas do banco, restando apenas eu, o meu bi magia e outro garoto (que parecia que estava a fim de mim). Fiquei sentado numa posição horrível, mas não queria trocar porquê desse jeito eu estava ao seu lado. Fiquei fazendo círculos no seu joelho. Era o que eu tinha coragem de fazer. Toda vez que pensava em subir a mão para sua coxa, minha respiração pesava. “E se ele não quiser? ”, pensei.

Até que ele colocou sua mão sobre a minha. Foi uma explosão de satisfação. Aquilo era um sinal. Ele me queria. Quando eu achava que não poderia melhorar, sua mão atrevida entrou em minha camisa e acariciou todo o meu peito. Meu Sangue gelou nessa hora. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo ali. Não conseguia respirar direito de tão nervoso que eu estava. Milhões de pensamentos afloraram na minha mente, mas eu não tinha coragem de realizar nenhum deles, até que ele fez isso para mim. Com maestria e discrição, posicionou minha mão sobre seu volume.

Deus... Como eu queria aquilo. Minha mão passeava por toda sua região e eu estava segurando um gemido. O medo de sermos descobertos era o que deixava aquela cena mais excitante ainda, mas o nosso tempo estava acabando. A hora de nos despedirmos se aproximava. Num gesto romântico e silencioso, ele pegou dois dedos (o indicador e o médio), beijou-os e colocou-os sobre minha boca. Espero não ter imaginado isso, pois foi a coisa mais romântica e fofa que alguém fez por mim. Mas a temida hora veio e nos despedimos. Encostei a cabeça na janela e quis chorar. Eu o queria para mim.

Seu nome? Era alguma coisa em grego. O meu algo em Russo. A Grécia e a Rússia estão distantes mais de três mil quilômetros, mas desta vez ficaram tão próximas que poderiam se tornar um só. E é isso que eu quero. Vou lutar para que se torne realidade. E nunca vou esquecer do dia que a Grécia encontrou a Rússia.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário